Questões Exercícios ENEM - População 14
Questão 199)
Configuração territorial da dinâmica do trabalho escravo no Brasil
(Hervé Théry et al. Atlas do trabalho escravo no Brasil, 2009. Adaptado.)
Trace um perfil característico do trabalhador escravo no Brasil (indicando naturalidade, região de exploração e uma atividade realizada) e discorra sobre uma possível razão que o levou a migrar.
Gab:
O trabalhador escravo no Brasil é, geralmente, originário do Nordeste e imigrou para as chamadas frentes pioneiras de trabalho na Amazônia ou no Meio Norte (Maranhão e Piauí), apesar de se observar sua presença também em outras regiões do País. Ele foge da falta de oportunidades na sua região de origem, ou de algum flagelo natural, como as secas do Sertão. Trabalha em fazendas recém-instituídas e opera por baixos salários, que são antecipados na forma de mantimentos, alimentos e roupas, cujo valor é sempre superior ao salário recebido pelo trabalhador. Essa situação leva ao endividamento que impede de deixar a fazenda, enquanto a dívida não for saldada. caracterizando uma situação de escravidão que se perpetua. O ministério do trabalho tem-se esforçado para coibir tal prática, fechando propriedades que incorrem no uso do trabalho escravo.
Questão 200)
Texto 1
O biopoder, sem a menor dúvida, foi elemento indispensável ao desenvolvimento do capitalismo, que só pode ser garantido à custa da inserção controlada dos corpos no aparelho de produção e por meio de um ajustamento dos fenômenos de população aos processos econômicos. Para o biopoder, que tem a tarefa de se encarregar da vida, sua necessidade de mecanismos contínuos, reguladores e corretivos exige distribuir os vivos em um domínio de valor e utilidade. Um poder dessa natureza tem de qualificar, medir, avaliar, hierarquizar. Uma sociedade normalizadora é o efeito histórico de uma tecnologia de poder centrada na vida.
(Michel Foucault. História da sexualidade, vol. 1, 1988. Adaptado.)
Texto 2
Uma pesquisa anunciada recentemente na Suíça revelou que, com um simples exame de sangue, será possível detectar a Síndrome de Down (ou trissomia do 21) no feto. O aval ao novo teste pré-natal foi dado recentemente pela Agência Nacional de Produtos Terapêuticos da Suíça, em meio à controvérsia de que o exame poderia levar a um aumento no número de abortos. Os testes estarão disponíveis no mercado ainda neste mês. Apesar de a legislação de países europeus como Espanha, Itália e Alemanha garantir autonomia à mulher na escolha sobre o aborto, o tema não passou isento de discussão. A Federação Internacional das Organizações de Síndrome de Down, que reúne 30 associações de 16 países, entrou com uma representação na Corte Europeia de Direitos Humanos pedindo a proibição do teste.
(http://zerohora.clicrbs.com.br, 22.08.2012. Adaptado.)
Com base no texto de Foucault, comente o papel da ciência como possível instrumento de eugenia e normalização, relacionando-o com as implicações biopolíticas do lançamento do teste pré-natal.
Gab:
Trata-se de uma questão bioética . A bioética hoje questiona as experiências e as questões biomédicas relacionadas à questão do aborto, da clonagem, dos transgênicos e da eutanásia. As ações humanas trazem consequências sobre as pessoas e seu ambiente, o que implica reconhecer valores e uma avaliação de como estes poderão ser afetados. O primeiro desses valores é o próprio ser humano, com as peculiaridades que são inerentes a sua à sua natureza, inclusive suas necessidades materiais, psíquicas e espirituais. O risco de se ignorar tais implicações é o de reduzir a pessoa à condição de coisa, retirando dela sua dignidade. A criação e aplicação de tecnologia e qual quer atividade no campo da ciência deve prever e avaliar consequências éticas, sociais e morais.
Foucault usou o termo biopoder para designar a prática dos Estados modernos e a regulação sobre os que lhe estão sujeitos por meio de “uma explosão de técnicas numerosas e diversas para obter a subjugação dos corpos e o controle de populações”. Justamente, o termo criado por Foucault tem sido usado em pesquisas acerca do desenvolvimento da biomedicina e da saúde pública. Assim, a bioética tem o grande desafio de colocar a questão da eugenia, assim como o da clonagem humana, observando consequências políticas de controle de poder sobre a condição humana.
O maior questionamento em torno da clonagem humana passa pela ideia de egenia. Foi essa ideia que moveu Adolf Hitler a levar uma nação inteira a odiar judeus, por exemplo, pregando a purificação da raça humana com a ascensão da raça ariana ao poder.
As motivações utilitárias e econômicas de cientistas e grupo de geneticistas passam pela ideia de se criar uma raça humana futura de seres super-dotados e isentos de qualquer imperfeição no seu genoma. As pessoas portadoras destas “imperfeições “ serão preteridas em relação às clonadas. O acesso a esses recursos poderá ser reservado a uma minoria que dispõe de condições financeiras para tal, sobretudo na sociedade de mercado. Uma porcentagem muito pequena de superdotados terá o controle sobre a totalidade dos seres humanos, visto que é portadora de caracteres considerados superiores.
O teste pré-natal em questão anuncia um avanço que parece inevitável, pois a ciência se desenvolve sem preocupação prévia acerca das consequências políticas do controle tecnológico sobre o corpo e sobre a condição humana.
Questão 201)
Analise o gráfico.
Valor das remessas de brasileiros no exterior
Folha de São Paulo, 29-1-2012.
Com base nos dados expostos no gráfico acima, assinale a alternativa CORRETA.
a) A quantidade de brasileiros no exterior, até o ano 2000, era pequena, devido à xenofobia predominante nos países ricos.
b) A crise internacional de 2008 afetou a quantidade de capital que os brasileiros residentes em outros países enviaram para o Brasil.
c) Os brasileiros residentes nos Estados Unidos são responsáveis pela maior parte do capital enviado ao Brasil.
d) O fluxo de migração de brasileiros para o exterior continua crescente, mesmo com a redução do valor de remessa.
Gab: B
Questão 202)
Leia o texto.
Governo critica o uso de indicadores desatualizados
O governo brasileiro contestou a metodologia de cálculo para definição do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), pelo qual o Brasil se manteve estável na 85a posição do ranking, em 2012. O principal questionamento refere-se à jornada escolar e aos anos de escolaridade. Para o Ministro da Educação, Aloizio Mercadante, a atualização de dados defasados poderia levar a um avanço de pelo menos 20 posições no ranking.
Para o governo, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) desconsidera a matrícula de 4,6 milhões de crianças. "Você tem uma projeção dos anos de escolaridade totalmente distorcida", reclamou Mercadante. Uma das principais críticas feitas pelo governo brasileiro é o uso de dados desatualizados, no caso do Brasil, e dados atualizados para outros países, o que distorce a posição real do país no ranking. O Brasil está estacionado na 85a colocação desde 2007, embora o IDH do país tenha subido de 0,71, naquele ano, para 0,73 em 2012.
Para permitir a montagem de um ranking mundial, a ONU lança mão de dados comuns a todos os países, o que gera algumas distorções. No caso do Brasil, a defasagem pode ser explicada, em parte, porque as Nações Unidas utilizam uma base de dados fornecida por suas agências com dados mais antigos que os já divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Fonte: Valor Econômico, 15-3-2013.
Sobre o assunto discutido no texto, podemos afirmar que
a) o IDH do Brasil se tornou o melhor da América Latina no último ano, entretanto o Governo brasileiro discorda dos indicadores usados para o cálculo desse índice.
b) o Governo brasileiro criticou fortemente o uso do IDH para medir o desenvolvimento de um país.
c) o IDH do Brasil, em 2012, apresentou indicadores sociais piores que os dos anos anteriores, o que gerou críticas por parte do Governo brasileiro.
d) o Brasil apresentou avanço no IDH de 2012 em relação aos anos anteriores, mesmo permanecendo na 85a posição desde 2007.
Gab: D
Questão 203)
Analise os gráficos.
Densidade demográfica por região brasileira
Fonte: geografiaparatodos.com.br. Acesso: 20-3-2013.
Sobre as informações expostas nos gráficos acima, assinale a alternativa CORRETA.
a) O crescimento da população absoluta, na região Sul, foi maior que na região nordeste, devido à migração intensa para o Rio Grande do Sul.
b) A região Centro-Oeste apresenta o menor número de habitantes por quilômetro quadrado por ter, como base econômica, as atividades agrárias.
c) A densidade demográfica é maior nas regiões brasileiras com maior área territorial, pois possuem mais espaço para ocupação humana.
d) A região norte apresenta-se como local de ocupação mais recente; isso associado ao tamanho territorial, faz com que a densidade demográfica seja pequena.
Gab: D
Questão 204)
A população do estado do Tocantins cresceu acima da média brasileira na última década. Esse resultado está associado ao fato de o estado apresentar
a) elevada taxa de fecundidade associada a grande número de imigrantes.
b) baixa taxa de mortalidade associada a baixo índice de mortalidade infantil.
c) alta taxa de mortalidade associada a grande número de emigrantes.
d) baixa taxa de mortalidade infantil associada a elevada expectativa de vida.
Gab: A
Questão 205)
Examine as informações organizadas pelo IBGE sobre a distribuição espacial por situação do domicílio e a pirâmide etária da população indígena com base no Censo Demográfico realizado em 2010.
Polulação indígena, por situação do domicílio, segundo a localização do domicílio – Brasil, 2010
Composição por sexo e idade da população indígena, por localização do domicílio – Brasil, 2010
A partir das informações, é correto afirmar que
a) a maioria dos indígenas situados em área urbana estão em terras indígenas; e a taxa de natalidade em terras indígenas é mais do que o dobro registrado fora das terras indígenas.
b) a minoria dos indígenas situados em área urbana estão em terras indígenas; e o número de indígenas com idade maior que 30 anos é superior fora das terras indígenas.
c) a maioria dos indígenas situados em área urbana estão fora de terras indígenas; e a taxa de natalidade é menor nas terras indígenas.
d) a maioria dos indígenas situados em área rural estão em terras indígenas; e as mulheres que não habitam terras indígenas vivem mais do que aquelas domiciliadas em terras indígenas.
e) a minoria dos indígenas situados em área rural estão em terras indígenas; e a expectativa de vida é maior para aqueles que vivem fora das terras indígenas.
Gab: B
Questão 206)
Uma das grandes fases da migração brasileira inicia-se com os nordestinos migrando para o Sudeste, para o Centro Oeste e para Amazônia juntando-se a uma frente gaucha para Amazônia. Isto é resultado da reintegração e modernização do território, da expansão comercial e do consumo, marcadamente a partir da década de 1950. Intensifica-se, a partir deste momento, a urbanização e a correlata migração interna. O Brasil, até então um país agrícola, vai conhecer neste período uma acentuação do êxodo rural levando à inversão dos números correspondentes à localização da população, de maioria rural, em 1940, para maioria urbana, em 1970. Observando em sequência as figuras abaixo, quais os períodos de migrações estão representados?
Fig. 1:
Fig. 2:
Fig. 3:
a) Entre 1960 e 1980; 1980 e 1990 e de 1990 em diante.
b) Entre 1915 e 1930; 1950 e 1960 e de 1990 em diante.
c) Entre 1900 e 1915; 1970 e 1980 e de 1980 em diante.
d) Entre 1870 e 1890; 1900 e 1930 e de 1980 em diante.
e) Entre 1870 e 1900; 1990 e 1999 e de 2000 em diante.
Gab: A
TEXTO: 8 - Comum à questão: 207
Discutem-se os componentes biogeográfico e econômico das doenças tropicais. Doenças tropicais surgem graças a um conjunto de fatores biológicos, ecológicos e evolutivos que condicionam a sua ocorrência exclusivamente às proximidades do Equador, entre os trópicos de Câncer e Capricórnio. Nesse sentido, reconhece-se que há, de fato, uma “fatalidade tropical”. Porém, a perpetuação das doenças tropicais em países aí situados depende fundamentalmente da precária situação econômica vigente e é consequência direta do subdesenvolvimento. A rigor, os países tropicais são muito heterogêneos e geograficamente têm pouco em comum. Estendem-se das alturas andinas às planícies da África, de pantanais a desertos, de florestas equatoriais e do mundo aquático da Oceania ao semiárido, às caatingas e savanas do Brasil e da África. No que se refere ao aspecto social, os trópicos são heterogêneos: etnias e religiões as mais variadas, autóctones ou importadas. Nada peculiar ou privativo dos trópicos. Comum de fato aos trópicos é a overall poverty. Não estranha que nos países tropicais a desigualdade na distribuição de renda seja das maiores do mundo, Não possuindo recursos, e os poucos havidos sendo mal utilizados, os países tropicais pobres investem parcimoniosamente em saúde. Os indicadores de saúde tabulados pela OMS mostram que os piores índices de mortalidade infantil, de médicos, enfermeiras e leitos hospitalares por habitantes encontram-se entre os países tropicais. (CAMARGO, 2012).
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