quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

ENEM Questões de Vestibulares Literatura

07) Marque as alternativas que possuem características de Ricardo Reis.
l) Utiliza, com frequência, um tom moralista, convidando à aceitação calma da ordem das coisas.
II) Faz a apologia da civilização grega.
III) Proclama-se neo-pagão, apregoando a sua crença nos deuses e no destino, que está acima deles e que os comanda.
IV) Procura alcançar a quietude e a paz através de fascínio pela Natureza onde tenta encontrar a felicidade relativa.
V) Negação da metafísica e valorização da aquisição.
Estão corretas:
a) I, II, III, IV, V
b) I, II, III, IV
c) I, II, III, V
d) II, III, IV
e) I, III
08) Leia o poema XVIII, de O guardador de rebanhos, de Alberto Caeiro.
Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...
Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...
Quem me dera que eu fosse os choupos1 à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...
Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...
Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...
CAEIRO, Alberto. O guardador de rebanhos. In: PESSOA, Fernando Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar 1969, p. 215.
1Choupo: árvore de madeira branca e macia.
Nos versos acima, o poeta:
a) revela a sua angústia existencial, em uma linguagem rebuscada e culta, inspirando-se em fatos do seu dia-a-dia.
b) dirige-se à estrada, ao rio, aos choupos, comparando a paisagem do campo à paisagem alegre e movimentada da cidade.
c) expressa, com uma linguagem simples e objetiva, o seu desejo de existir sem pensar, apenas existindo, como o pó, o rio, as árvores o animal.
d) descreve a natureza à maneira dos poetas árcades, baseado em imagens da mitologia grega e na crença em um mistério presente em todas as coisas.
e) utiliza temas filosóficos acerca dos mistérios da vida e das coisas do mundo, insistindo no rigor do vocabulário, da métrica e no uso exagerado de imagens.
Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver
Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Como a água morrente,
(Camilo Pessanha)
09) A partir da leitura do fragmento acima, aponte a alternativa incorreta:
a) O poeta ilustra através da metáfora das águas a passagem do tempo.
b) O eu-lirico assiste a passagem do tempo com sensação de angustia e melancolia.
c) A água e retratada como elemento fugidio, que core como o tempo, de maneira inexorável.
d) A água é retratada como uma representação do momento contemporâneo, onde os fatos ocorrem de maneira dinâmica.
e) Os versos curtos sugerem a musicalidade.
Fuga
Desceram a ladeira, atravessaram o rio seco, tomaram rumo para o sul. Com a fresca da madrugada, andaram bastante, em silêncio, quatro sombras no caminho estreito coberto de seixos miúdos — os meninos à frente, conduzindo trouxas de roupa, sinhá Vitória sob o baú de folha pintada e a cabaça de água, Fabiano atrás, de facão de rasto e faca de ponta, a cuia pendurada por uma correia amarrada ao cinturão, o aió a tiracolo, a espingarda de pederneira num ombro, o saco da matalotagem no outro. Caminharam bem três léguas antes que a barra do nascente aparecesse.
( ... )
Os meninos sumiam-se numa curva do caminho. Fabiano adiantou-se para alcançá-los. Era preciso aproveitar a disposição deles, deixar que andassem à vontade. Sinhá Vitória acompanhou o marido, chegou-se aos filhos. Dobrando o cotovelo da estrada, Fabiano sentia distanciar-se um pouco dos lugares onde tinha vivido alguns anos; ( ... )
Os pés calosos, duros como cascos, metidos em alpercatas novas, caminhariam meses. Ou não caminhariam? Sinhá Vitória achou que sim.
Fabiano agradeceu a opinião dela (...). E talvez esse lugar para onde iam fosse melhor que os outros onde tinham estado. Fabiano estirou o beiço, duvidando. Sinhá Vitória combateu a dúvida. Porque não haveriam de ser gente, possuir uma cama igual à de seu Tomás da bolandeira? ( ... )
Olharam os meninos que olhavam os montes distantes, onde havia seres misteriosos. Em que estariam pensando? Zumbiu sinhá Vitória. Fabiano estranhou a pergunta e rosnou uma objeção. Menino é bicho miúdo, não pensa. Mas sinhá Vitória renovou a pergunta — e a certeza do marido abalou-se. Ela devia ter razão. Tinha sempre razão. Agora desejava saber que iriam fazer os filhos quando crescessem.
— Vaquejar, opinou Fabiano.
Sinhá Vitória, com uma careta enjoada, balançou a cabeça negativamente, arriscando-se a derrubar o baú de folha. Nossa Senhora os livrasse de semelhante desgraça. Vaquejar, que idéia! Chegariam a uma terra distante, esqueceriam a catinga onde havia montes baixos, cascalhos, rios secos, espinho, urubus, bichos morrendo, gente morrendo. Não voltariam nunca mais, resistiriam à saudade que ataca os sertanejos da mata.
( ... )
Iriam para diante, alcançariam uma terra desconhecida. Fabiano estava contente e acreditava nessa terra, porque não sabia como ela era nem onde era. Repetia docilmente as palavras de sinhá Vitória, as palavras que sinhá Vitória murmurava porque tinha confiança nele. E andavam para o sul, metidos naquele sonho. Uma cidade grande, cheia de pessoas fortes. Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias.
( ... ) Chegariam a uma terra desconhecida e civilizada, ficariam presos nela. E o sertão continuaria a mandar gente para lá. O sertão mandaria para a cidade homens fortes, brutos, como Fabiano, sinhá Vitória e os dois meninos.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Martins Editora, 11ª. ed s.d. p.147-159
10) Das manifestações de sinhá Vitória, a que expressa crítica ao posicionamento do marido é:
a) “ ... as palavras que sinhá Vitória murmurava ...”
b) “ Zumbiu sinhá Vitória.”
c) “ Sinhá Vitória achou que sim.”
d) “ ... resistiriam à saudade...”
e) “ Vaquejar, que idéia!”

“Como fazer feliz meu filho?
Não há receitas para tal.
( ... )
Submeter-se à sua vontade
sem ponderar, sem discutir?
( ... )
E se depois de tanto mimo
que o atraia, ele se sente
pobre, sem paz e sem arrimo,
alma vazia, amargamente?
( ... )
Eis que acode meu coração
e oferece, como uma flor,
a doçura desta lição:
dar a meu filho meu amor.”
Carlos Drummond de Andrade
11) Tanto o eu-lírico desses versos como a personagem sinhá Vitória se preocupam com a felicidade dos filhos. Enquanto nos versos fica expressa a grande preocupação com o aspecto psicológico, nos trechos “Vaquejar, que idéia!” e “Os meninos em escolas, aprendendo coisas difíceis e necessárias”, depreende-se preocupação com o aspecto:
a) ético.
b) social.
c) moral.
d) criativo.
e) individual.
Texto l
Agora Fabiano conseguia arranjar as ideias O que o segurava era a família. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-los? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos erarn uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisível, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo.
Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo. Martins, 23.a ed.. 1969, p. 75.
Texto II
Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e cria­turas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamen­tos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes.
Luís Bueno Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Pajlo: USP, n.º 2, 2001. p 254.
12) A partir do trecho de Vidas Secas (texto l) e das informações do texto II, relativas ás concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas:
I O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30.
II A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares.
III Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional.
É correto apenas o que se afirma em:
a) l. b) II. c) III. d) l e II. e) II e III.






































































































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