domingo, 15 de fevereiro de 2015

ATIVIDADE CAFEIRA

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A EXPANSÃO

O cultivo do café já era conhecido no Brasil desde 1727, quando as primeiras sementes dessa planta nativa da África brotaram em nossa terra.

No “fundo dos quintais” ou nas pequenas lavouras, apareciam os pés de café, destinados ao consumo doméstico. De pequena lavoura o café toma os rumos da agricultura comercial, tornando-se o principal produto de exportação em 1840.

As plantações de café cresceram na província do rio de Janeiro, ocupando o litoral sul (Manrati, Angra dos Reis, Parti) e o litoral norte (Marica, Itanoraí, Magé). Entretanto, seria na Região do Vale do Rio Paraíba do Sul que desabrocharia a produção cafeeira.

Os solos férteis da mata atlântica, a temperatura amena e as chuvas regulares durante o ano fizeram do vale do Paraíba uma região de condições naturais favoráveis ao desenvolvimento do café.

Associado às condições naturais aparecia um elemento fundamental para a produção cafeeira: a crise da mineração deixava um enorme contingente de escravos disponíveis para o trabalho.

Desde o seu início, a lavoura cafeeira teve a disposição tudo o que precisava para expandir-se terras e mão-de-obra.

Conduzi para o litoral, os caminhos precários e o transporte realizado pelos tropeiros eram obstáculos para o escoamento da crescente produção cafeeira. O caminho mais rápido e o transporte mais eficiente foram encontrados com a instalação das estradas de ferro. Vagões carregados de sacos de café chegavam ao porto do Rio de Janeiro, principal elo de ligação entre a região cafeeira e a exportação para a Europa e para os Estados Unidos.

Entre 1830 e 1870, o vale do Paraíba foi a principal região produtora de café e o centro da economia brasileira. Com o auge do café no vale do Paraíba, o Rio de Janeiro tornou-se o principal porto do país.

A lavoura cafeeira seguiu sua expansão, destruindo a floresta tropical em busca de solos férteis, ocupando as terras de pequenos lavradores e das tribos indígenas. O café invadiu o Sul de Minas e parte do Espírito Santo. Conquistando novas áreas e deixando os solos cansados para trás, o café seguiu sua marcha atingindo o Oeste paulista. Para acompanhar a expansão da lavoura cafeeira, chegaram ao Brasil, entre 1840 e 1850, 371.625 escravos Africanos.

Mas se havia disponibilidade de terras, a mão-de-obra começou a se reduzir com a proibição do tráfico negreiro. Para superar a falta de braços nos cafezais, recorreu-se ao mercado interno de escravos. O Nordeste açucareiro tornou-se a nova fonte de mão-de-obra escrava.

Produtos Agrícolas

Porcentagens sobre o valor da Exportação

Produtos

1841 - 50

1851 - 60

1861 - 70

1871 - 80

1881

Café

Açúcar

Algodão

Fumo

Cacau

Fonte: Canabrava, Alice, “A Grande Lavoura” . In: História geral da civilização brasileira torno II, vol. 4. DIFEL. P. 119

A ORGANIZAÇÃO DA LAVOURA CAFEEIRA

A lavoura cafeeira manteve traços semelhantes aos da lavoura de cana-de-açúcar: a grande propriedade de monocultura, a utilização de escravos e a produtividade do trabalho fundamentada na fertilidade natural dos solos.

A produção do café era um negócio para poucos homens. Somente os riscos podiam constituir fazendas dedicadas a lavoura de exportação.

O café, antes de ser comercializado, passava por diferentes trabalhos no interior da fazenda, além da área de cultivo, a fazenda possuía reservatórios para lavagem do café, terrenos de secagem dos grãos, engenhos para seleção e locais apropriados para guardar a produção.

A organização da lavoura cafeeira só podia ser realizada pelos grandes proprietários de terras e escravos.

Para os fazendeiros, os escravos tinham um duplo papel: produziam café e serviam como garantia para os empréstimos obtidos com os financistas (emprestados de dinheiro) e os bancos.

Pois é, naquela época, quem possuía mais escravos é que tinha mais crédito nos bancos. Dando o escravo como garantia, os fazendeiros conseguiam o dinheiro necessário para comprar equipamento e mais escravo, expandindo cada vez mais a produção.

A expansão do café não se deu apenas em termos de produção, pois foi acompanhada pela expansão territorial. Dois fatores podem explicar esse processo.

O primeiro está intimamente ligado ao aumento do consumo do produto no mercado internacional, estimulando novas plantações.

O outro fator prende-se a utilização da rotação de terras. Novas terras eram constantemente incorporadas através da derruba de matas. Assim, a procura de terras virgens, além da destruição da vegetação natural, criava um sistema extensivo de cultivo que rapidamente desgastava o solo.

INTRODUÇÃO DO TRABALHO LIVRE

A proibição do tráfico negreiro promoveu elevação dos preços dos escravos. Muitos fazendeiros preferiam intensificar mais ainda a exploração dos escravos que possuíam. Outros buscaram novas alternativas para a expansão de suas fazendas.

Da Europa chegaram os novos trabalhadores dos cafezais. Eram, em sua maioria, camponeses empobrecidos em busca de uma vida melhor no Brasil.

Contratados pelos fazendeiros, os imigrantes (suecos, alemão, espanhóis e sobretudo italianos) formaram a força de trabalho, destinada a manter a expansão da lavoura cafeeira.

O regime escravocrata começou a ser substituído pelo regime colonato. Os fazendeiros obtinham financiamento do estado para pagar a viagem e as despesas com a instalação dos trabalhadores europeus. Por seu lado, os imigrantes se comprometiam a pagar o fazendeiro com seu trabalho.

Os colonos só recebiam pagamento na época da colheita, comprado pelo próprio fazendeiro que os contratava. Enquanto não chegava a colheita, o colono e sua família precisavam de alimentos, roupas e casa para morar. As roupas e os alimentos eram adquiridos no armazém da própria fazenda, que pertencia ao patrão.

As dívidas aumentavam. Ocorreu o devia a passagem, a moradia, a roupa, a comida.... Quando chegava a colheita, o dinheiro que recebi em troca de seu trabalho e não pagava metade de suas contas.

“Os patrões (...). quase não dão dinheiro aos seus colonos, a fim de pendê-los ainda mais a si ou às fazendas". (Thomas Davatz, Memórias de um colono no Brasil - 185, Livraria Martins, São Paulo)

Apesar de ser livre, o colono ficou numa situação bem próxima da escravidão. Quando o som não estava satisfeito com o patrão, não podia mudar de fazenda, a não ser que encontrasse um fazendeiro disposto a pagar suas dívidas. Era o mesmo que procurar e encontrar um novo comprador e proprietária.

As notícias das condições de vida dos colonos no Brasil chegaram a Europa. Pressionados pela opinião repita, muitos governo proibiram emigração para o Brasil.

A expansão do café em direção Oeste Paulista começou a sentia falta de mão-de-obra. Diante de tal situação, o governo brasileiro passou a se responsabilizar diretamente pela imigração.

As despesas da viagem dos integrantes e de sua família eram pagas pelo governo. Aos fazendeiros está destinado o gasto durante o primeiro ano dos colonos nos cafezais. Em troca de seu trabalho,os imigrantes recebiam salário que variava de acordo com o número de pés de café que plantasse.

Para diminuir seus gastos com o dinheiro, os fazendeiro permitiu aos colonos cultivar pequenas lavouras nos espaço livres entre as fileiras de café (as ruas do café).

Os colonos estavam sempre interessados em plantar mais pés de café, pois, além de ganhar um pouco mais de dinheiro com a colheita, tinha na oportunidade de aumentar a lavoura de subsistência entre as fileiras dos cafezais.

Os cafezais cresceram e se expandiram com o regime de colonato. Entre 1887 e 1897, 1300 mil imigrantes pisaram o solo brasileiro. A maioria deles estabeleceu-se em São Paulo.

O e trabalhador em imigrantes não substitui de imediato trabalho escravo. Em 1887 havia 107 mil escravos em São Paulo. Lado a lado, o homem livre e o homem escravo plantavam e colhiam café.

No vale do Paraíba, a lavoura cafeeira continuou apoiada no trabalho escravo.

Nota: no entanto, o avanço do trabalho livra foi marginalizado o negro e o colocando em uma situação de grande dificuldade.

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O IMPÉRIO DO CAFÉ

As estradas de ferro recortaram imensas áreas do atual Estado de São Paulo, acompanhando bem de perto a expansão dos cafezais. Muitas vezes, os trilhos de ferro chegavam as áreas ainda virgens, cobertas da mata. A estrada de ferro, então esperava o café chegar.

Assim, a derrubada das matas e o plantio do café passaram a ser estimulados pela garantia do escoamento da produção.

O porto de Santos ultrapassou em importância o porto do Rio de Janeiro. No Brasil republicano, o império do café fixou-se no Planalto Paulista, e sua capital foi a cidade de São Paulo.

Quando uma área entrava em decadência, uma nova surgia para substituir. Em pouco tempo o estado de São Paulo ficou quase inteiramente coberto por fazendas de café. Em 1900, no território paulista viviam 909.417 imigrantes, correspondendo a um crescimento demográfico de 82% em relação a população do ano de 1887.

Os grandes fazendeiros não se limitavam ao cultivo do café. Compravam a produção dos fazendeiros menores, financiavam equipamentos para as novas lavouras e participavam dos investimentos de implantação das estradas de ferro. Com os lucros acumulados, os grandes proprietários tornaram-se também banqueiros e industriais.

Surgiu uma classe social para dirigir a economia e a vida política do país: os “barões do café”.

A HERANÇA

As lavouras do Vale do Paraíba entraram em decadência em 1970. o sistema intensivo e descuidado de plantio provocou um rápido esgotamento da fertilidade natural do solo. A organização tradicional da fazenda, empregando o trabalho escravo e as técnicas rudimentares de produção e o beneficiamento do café resistiu durante trinta anos, mas acabou perdendo sua posição de destaque para São Paulo, para onde foram dirigidos os investimentos dos grandes banqueiros e do próprio governo.

No sul de Minas Gerais, a rápida expansão do cultivo do café tentou resolver a crise gerada pelo fim da época do ouro. Em 1888, o café respondia por 79% das exportações da província mineira, superando a principal atividade que sobrara do período da mineração: a pecuária.

Nesta região, o limite do solo e o relevo acidentado impediam a continuidade da expansão das fazendas. o sul de Minas não tardou a ter o mesmo destino do Vale do Paraíba.

O café avançou, então, em direção ao oeste paulista, onde as terras virgens e férteis do planalto eram um convite à expansão.

O café continuou a sua marcha, deixando atrás de si solos esgotados e pequenos povoados decadentes. As antigas fazendas do Vale do Paraíba e do sul de Minas, pouco a pouco introduziram a criação de gado. Os solos erodidos por um plantio irracional foram transformados em vastos pastos. A herança deixada pelo café aos fazendeiros era a falência ou a introdução da pecuária; para os escravos libertos e os colonos, a herança foi a lavoura de subsistência e a migração para a cidade e para as novas áreas do café.

No estado de São Paulo, o café se expandia como mancha de óleo. As fazendas cresciam com os cafezais e com as estradas de ferro. Começou a surgir um grande número de povoados: são as cidades do café, estabelecidas nas estações ferroviárias implantadas para escoar a produção da lavoura. No final dos trilhos surgiam as cidades chamadas “bocas do sertão”.

Com a alta dos preços no mercado internacional, a fartura chegava aos fazendeiros; quando os preços caíam, era a vez da falência... Muitos fazendeiros ficaram endividados. Para cobrir suas dívidas com os bancos e os financistas, os fazendeiros vendiam as suas propriedades. Banqueiros e financistas tornavam-se, então, grandes proprietários de terra.

Outra solução para os fazendeiros arruinados ara o arrendamento da terra. Para manter suas lavouras, os proprietários alugavam as terras aos colonos, que pagavam ao proprietário alugavam as terras aos colonos, que pagavam ao proprietário entregando parte da sua produção. Alguns colonos tornaram-se pequenos proprietários comprando parcelas de terras das fazendas em decadência.

Nas pequenas propriedades começam a desenvolver-se novos cultivos – o milho, o arroz, o feijão e a mandioca. Eram pequenas manchas que brotavam nas terras abandonas pelo café em São Paulo.

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