A descoberta e a exploração do outro e dos diamantes levaram os homens a lugares distantes, muito além das regiões das Minas Gerais.
No Rio Cuiabá (Mato Grosso) a mineração desenvolveu-se tão rapidamente como se esgotou.
O mesmo aconteceu em Goiás, onde o povoamento estabelecido com a mineração entrou em declínio com o esgotamento dos depósitos auríferos e da mal sucedida exploração de diamantes.
O declínio da mineração fez a população refluir para outros lugares, ativando a pecuária que se estendia ao longo dos rios.
As fazendas de gado bovino, que ocupavam enormes espaços, fazendo do cerrado o seu pasto natural, ganharam desenvolvimento e tornaram-se a marca deste espaço geográfico até os nossos dias.
Nas Minas Gerais a decadência da mineração também se fez sentir. Seu passado como principal centro minerador não esconde as conseqüências da crise do ciclo do ouro.
Para os mineradores pobres, a pequena agricultura de subsistência foi a alternativa de vida. as pequenas roças que apareceram depois do abandono dos arraiais foram mantidas, às vezes combinadas com a criação de porcos.
Para mineradores pobres e esperançosos, o garimpo constituiu a atividade principal desenvolvendo-se na beira dos rios e regatos distantes dos centros urbanos.
As vilas entraram em decadência, vivendo de atividades administrativas e do que sobrara da exploração do ouro. As cidades de Ouro Preto, São João Del Rei, Sabará, entre outras, são lembranças da época do ouro e contam a história do “EIdorado” através de seus casarões, suas ruas e igrejas.
A pecuária, que crescera com o apogeu da mineração enfrentou o final do ciclo do ouro de maneira diferente.
As fazendas do norte de Minas constituíam um prolongamento da pecuária nordestina, que se estendia pelos grandes vales criados pelo rio São Francisco e pelo rio Jequitinhonha.
A criação do gado compreendia uma vasta área e ocupava os pastos naturais formados pela vegetação do cerrado. Quando, muito, a preparação dos pastos constituía na prática da queimada, de árvores de pequeno porte e arbustos. O gado criado solto, não recebia maiores cuidados, além da vigilância, e estava destinado à produção de carne para o mercado das Minas Gerais.
O declínio da mineração não impediu a continuidade da expansão das fazendas. A fraqueza do mercado consumidor permitiu o crescimento dos rebanhos e a conseqüente apropriação das terras pelos fazendeiros.
Longe dos principais centros consumidores de carne, fazendas “fecharam-se em si mesmas”, produzindo para seu próprio sustento e mantendo suas práticas tradicionais de criação de gado.
As fazendas do Sul, localizadas principalmente na bacia do rio Grande, também se originaram na época do ouro. Expandiram-se territorialmente e ganharam expressão diferente das estabelecidas ao norte de Minas Gerais.
Os rios permanentes e volumosos, como o rio Grande e seus efluentes (rio das Mortes, Sapucaí e Verde), formam uma extensa rede de drenagem que, combinada com as chuvas bem distribuídas ao longo do ano, fazem do sul de Minas Gerais uma região das melhores terras, cobrindo um relevo ondulado. Este conjunto de condições naturais são pastos bastante superiores aos encontrados nos cerrados, permitindo que a criação de gado se estabelecesse sem grandes dificuldades.
Mas não apenas pelo clima, pelos rios e pela vegetação que a pecuária do sul de Minas Gerais se tornou diferente e se destacou das demais.
Os novos padrões de criação de gado nas fazendas da região sul das Gerais vincularam-se fundamentalmente ao processo de trabalho aí realizado.
O gado não era criado solto, como se errado. Em de ficava dentro das cercas da fazenda, o que diminuía as necessidades de vigilância e permitia o trabalho da preparação dos pastos e os outros serviços. A alimentação do rebanho não recebia maiores cuidados. A ausência dos depósitos salinos (os "lambedouros") era recompensada pela distribuição regulada de sal nos curais.
O trabalho nos pastos também ganhava atenção. Embora a prática da queimada seja um traço comum de destruição da vegetação primitiva pela pecuária, aqui a queimada era realizada de três em três meses em partos, alternados, para a proporcionar pastagens novas ao gado.
A organização do trabalho na pecuária realizada na bacia do Rio Grande fez aparecer um gado de qualidade superior, tanto para a Corte com o para a produção leiteira.
O leite tornou-se um produto mais a ser comercializado, além da carne. Como a produção do leite, foi possível fabricar um novo produto, o queijo (o famoso queijo-de-minas). A produção dos laticínios tornou-se um dos aspectos importantes da região, como na Zona da Mata Mineira, no caminho que levava ao Rio de Janeiro.
Anteriormente ligada ao abastecimento dos núcleos mineradores, os produtos das fazendas do Sul das Gerais não tardaram a alcançar novos mercado como os do Rio de Janeiro e São Paulo.
Conquistando novos mercados e mantendo uma produção para seu próprio consumo, um desfazendo as da região tornaram-se auto-suficientes, o que, nas palavras do geógrafo Pierre Denis, era "qualquer coisa intermediária entre a família de um reino".
As fazendas de gado chegaram a um século XX apagando a lembrança do "Eldorado" e constituindo a herança regional, marcada pela grande propriedade - os latifúndios pecuaristas. A figura adubos "coronéis" todo poderosos, tão bem retratada na série o bem amado, tem nessas fazendas um dos seus esteios sócio-econômicos.
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