quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

A ATIVIDADE DO ALGODÃO NO SERTÃO


O desenvolvimento da indústria têxtil na Inglaterra e a guerra civil entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos estimularão o desenvolvimento da produção de algodão em outras regiões do mundo, como o Peru, o Egito, a Índia e o Nordeste brasileiro.
Este fato fez com que o prestígio e o poder, que o Nordeste estava na Zona da mata canavieira, se deslocasse para o sertão pecuário-algodoeiro.
Os grandes latifundiários pecuaristas aliaram-se a empresas  estrangeiras, como a Sandra e a Clayton., de quem obtiam dinheiro, passaram a estimula atos pequenos produtores familiares de suas terras a se dedicar ao cultivo do algodão de fibra longa, que se desenvolvia muito bem em áreas de pouca chuva.
Os fazendeiros eram, ao mesmo tempo, os comerciantes que compravam a produção algodoeira nas pequenas vilas e cidades. A maior parte do algodão era exportada porque a pobreza da produção não constituía um mercado para a implantação da indústria têxtil.
Como a produção de algodão não exigia grande investimento, à diferença da produção de carne, muitas famílias se dedicaram a esta atividade. No entanto, por não possuir de ter, eram obrigadas a se submeter aos grandes proprietários como meeiros, parceiros, etc. Assim, os que se beneficiaram, de fato, com o surto algodoeiro foram os grandes proprietários e, as empresas estrangeiras que controlavam a comercialização no mercado externo. Mais uma vez notamos a aliança dos interesses dos grandes proprietários de terras nordestinas com os grandes capitais estrangeiros.
Um grande comerciante do recife., Delmiro Gouveia, percebendo o crescimento da indústria têxtil e vendo que o Nordeste apresentava condições favoráveis, tentou desenvolver um grande projeto no rio São Francisco. Adquiriu máquinas modernas na Europa, comprou terras, estabeleceu vilas operárias com assistência médica para os trabalhadores e implantou um ambicioso projeto industrial em pleno sertão nordestino do rio São Francisco. Mas Delmiro Gouveia não controlava o mercado internacional, e a Inglaterra via nesse projeto uma quebra do seu monopólio no funcionamento de linhas ao Brasil. As pressões foram, muitas para que Delmiro Gouveia vendesse sua fábrica aos ingleses. A resistência acabou com seu assassinato na segunda década de nosso século. Sua família, depois, teve de vender a fábrica a uma empresa inglesa, que quebrou as máquinas e as jogou no rio São Francisco, sem que os demais setores da elite brasileira manifestassem o menor repúdio a esse fato. Mesmo os grandes fazendeiros pecuaristas, que controlavam a comercialização do algodão, se mantiveram em silêncio, pois tinham fortes relações com a Clayton e a Sanbra.
Estes fazendeiros mostraram-se mais interessados em controlar o DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas  - Para construir barragens. Poços subterrâneos e cacimbas em suas próprias fazendas. Nas épocas em que a seca agravava ainda mais as condições dos sitiantes, parceiros e meeiros, o DNOCS abria  frentes de trabalho, para construir estradas e novas barragens. Muitas vezes,, como o dinheiro demorava a chegar as regiões assoladas, os fazendeiros forneciam  os alimentos ao DNOCS a preços elevados. A criação do DNOCS e a delimitação do chamado Polígono das Secas, mais que uma preocupação com a miséria do nordestino, revelam o poder dos grandes proprietários na política.
Afinal, a situação de penúria no Nordeste já existia há século, mas foi só a partir do final do séc. XIX que se tornou um problema nacional, com a vinculação direta dos grandes fazendeiros do sertão ao capital estrangeiro. Não esqueçamos de que até aquela época a pecuária extensiva era um mero ciclo subsidiário da carne e do ouro.

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