Não eram os proprietários das fazendas que enfrentavam o calor da caatinga, estes moravam nas vilas, nas cidades ou nos seus engenhos. Quem povoou o Agreste e o Sertão?
Foram os homens sem lugar na lavoura canavieira – descendentes de indígenas e dos brancos pobres.
As fazendas pecuaristas ocupavam pouca mão-de-obra – 10 ou 12 homens eram suficientes para o trabalho. O vaqueiro era o responsável pela fazenda e os “fábricas” eram seus auxiliares para qualquer tipo de serviço. Era permitido a esses auxiliares erguer uma choupana e plantar milho, feijão e mandioca para a subsistência.
O vaqueiro quase não recebia dinheiro. A forma mais comum de pagamento era o chamado sistema de Quarta, ou seja, de cada quatro bezerros nascidos, um ficava para o vaqueiro.
A vida nas imensas fazendas de gado era muito difícil. A fartura era só de carne. Para consumir o leite em maior quantidade, era preciso esperar os períodos de chuva, quando os pastos eram revigorados. A época da seca era tempo de vacas magras e de pouco leite.
Por outro lado, como nada vinha de fora, o vaqueiro e seus auxiliares desenvolveram um rico artesanato, principalmente de couro. Mesas, bancos, camas e até a porta da choupana eram feitos de couro.
Também a roupa, a “borracha” de carregar água, as bainhas das facas, os recipientes de apanhar o sal, etc.
Quando a seca assolava o Sertão, era preciso abrir cacimbas nos leitos dos rios que secavam. Cacimbas eram poços que alcançavam os lençóis de água subterrâneos de onde se obtinha água para o consumo doméstico e para o gado. Viver na Caatinga exigia um saber muito grande para aproveitar as condições naturais.
O final de cada “inverno” era o momento de reunir o rebanho e conduzir os bois do ano – os animais gordos – para o mercado consumidor da Zona da Mata. No caminho, o único cenário era a Caatinga e o próprio gado que se autotransportava. Com o nascer do sol, os vaqueiros e os “fabricas” montavam em seus cavalos e percorriam o Sertão tangendo o gado. Esta cena se repetira por muitos anos, atravessando séculos.
Com a descoberta do ouro na região de Minas Gerais, a pecuária nordestina encontrou um novo mercado e passou a abastecer as “cidades do ouro” com a venda de gado em pé e da carne de charque. No entanto, teve que dividir esse mercado com outra região que despontava na criação de gado – a Campanha Gaúcha (sul do Brasil).
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