quinta-feira, 30 de abril de 2015

ÁREAS DE DOMÍNIO DO AÇÚCAR, DO GADO, DA MINERAÇÃO E DIREÇÃO GERAL DAS BANDEIRAS PAULISTAS (Sécs. XVI, XVII e XVIII)

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Forte: Adaptado de Raul de Andrade e Silva, A evolução econômica, in Aroldo de Azevedo (org.), Brasil — A terra e o homem.

Muitas cidades de São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Goiás tiveram origem em núcleos iniciais de povoamento levados pelos bandeirantes na sua penetração pelo interior do território. É esse o caso de Ouro Preto, Mariana, Sabará, São João dei Rei, Caeté e muitas outras cidades localizadas em Minas Gerais. Apiaí (SP), Antonina (PR), Curitiba (PR), Corumbá de Goiás (GO), Goiás (GO), Jaraguá (GO), Luziânia (GO). Pires do Rio (GO), Cuiabá (MT), Poconé (MT), Nossa Senhora do Livramento (MT) e muitas outras.

No Mato Grosso do Sul, a atividade mineradora não teve grande importância. Corumbá, no Pantanal Mato-grossense, nasceu de uma fortificação militar aí instalada para defender o território. Coxim, em Mato Grosso, teve origem em um pouso de viajante.

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Fig. 10.3— Ouro Preto, antiga Vila Rica. Muitas vilas, depois transformadas em cidades, surgiram da atividade mineradora. Houve, assim, um começo de construção e de organização do espaço das Minas Gerais comandado pela atividade mineradora.

A produção mineral do Brasil nos séculos XVII e XVIII era controlada pela metrópole portuguesa, através de leis e de uma intensa fiscalização.

O ouro extraído era enviado a Portugal. Assim, a riqueza mineral não ficava no Brasil, destinava-se ao reino português, que com ela financiava seu comércio com outras nações, principalmente com a Inglaterra (leia o quadro 10-A).

Se as riquezas minerais tivessem ficado aqui, poderiam ter contribuído para a melhor organização do espaço brasileiro e na criação de melhores condições para a construção da economia brasileira. O Brasil, porém, era colónia de Portugal e interessava à metrópole portuguesa explorar tudo o que a terra e sua gente pudessem oferecer, E foi isso que ocorreu com a mineração.

Quadro 10-A

A dependência de Portugal em relação à Inglaterra influiu em nosso atraso econômico e, consequentemente, na organização do nosso espaço

Você já deve ter estudado, em História do Brasil, que Portugal ficou incorporado à coroa espanhola de 1580 a 1640. Em 1654, os holandeses invadiram o Nordeste do Brasil.

Esses acontecimentos desorganizaram a economia de Portugal, que acabou perdendo o comércio com o Oriente e considerável parcela do mercado consumidor de açúcar.

Diante da grave situação econômica e com receio ainda de perder sua colônia na América, Portugal buscou o apoio da Inglaterra através de vários acordos (1642, 1654, 1661, 1703).

A aliança com a Inglaterra marcou profundamente a vida econômica e política de Portugal e, consequentemente, do Brasil, durante os séculos XVIII e XIX. Através dos acordos, os comerciantes ingleses obtiveram grandes privilégios em Portugal e em suas colônias. Tinham liberdade de comércio com elas, controlavam as taxas cobradas sobre as mercadorias importadas da Inglaterra e podiam residir nas colônias portuguesas.

Além disso, os acordos com a Inglaterra dificultavam a industrialização de Portugal e, consequentemente, do Brasil. Em troca, Portugal e suas colónias recebiam proteção militar da Inglaterra.

A partir desses acordos podemos afirmar que começou a ser traçada a posição anômala (irregular) de Portugal diante da história — a posição, ao mesmo tempo, de metrópole do Brasil e de entreposto comercial da Inglaterra.

Já o Brasil, em consequência, foi absorvido pela Inglaterra. Continuou formalmente como colônia de Portugal, mas sob a dominação dos interesses econômicos ingleses.

Essa dependência custou caro, provocando o atraso de Portugal e de suas colônias. Influiu, consequentemente, na organização do espaço brasileiro.

De que forma isso ocorreu?

Dependente do exterior, a economia brasileira foi comandada pelas necessidades do mercado externo e não segundo os interesses do mercado interno.

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