As transformações promovidas pela cafeicultura, bem como o aumento da demanda interna por produtos industrializados, serviram como estímulo para que muitos investimentos, antes concentrados no café, fossem desviados para a atividade industrial. Nesse contexto, a modernização resultou na criação de uma infra-estrutura de transportes e energia fundamental para a indústria, bem como a criação de um mercado de consumo.
A urbanização da sociedade brasileira está inserida na modernização desencadeada pela cafeicultura e pela indústria.
Ao mesmo tempo, a conjuntura internacional da primeira metade do século XX também serviu para a expansão da atividade industrial no Brasil. Merecem destaque a quebra da Bolsa de Nova Iorque e as duas grandes guerras mundiais. Estes acontecimentos estão fortemente ligados ao que se conhece por processo de substituição de importações. Vejamos o porquê.
Tanto a Crise de 29 como a Primeira (1914-1918) e a Segunda Grande Guerra (1939-1945) causaram, como reflexo imediato para o Brasil, uma série de dificuldades em relação às importações, notadamente de produtos industrializados. Afinal, estes acontecimentos trouxeram prejuízos materiais e financeiros, em maior ou menor grau, a importantes nações desenvolvidas, corno os EUA, a Inglaterra e a França, para nos atermos apenas a estas, que, como sabemos, eram responsáveis pelo abastecimento de boa parte de nossas necessidades no mercado externo.
Uma vez que os acontecimentos citados redundaram em uma baixa oferta de produtos maquinofaturados no mercado internacional, restou ao Brasil passar a fabricá-los internamente. Daí se falar em processo de substituição de importações. Além disso, os preços do café caíram significativamente, o que fez muitos cafeicultores realizarem investimentos em outras atividades, como a industrial.
Boa parte das fábricas instaladas no Brasil no início do século eram de capital nacional.
Inicialmente, as primeiras unidades fabris, além de estarem voltadas para a produção de bens de consumo, como vestuário, alimentos, móveis, entre outros, eram quase todas de capital nacional. Posteriormente, algumas iniciativas foram tomadas para assegurar o desenvolvimento da indústria de bens de consumo duráveis (automóveis, por exemplo) e, assim, diversificar a estrutura industrial* brasileira. Neste contexto, a criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda (RJ), foi uma importante estratégia do Estado brasileiro, tendo em vista a industrialização do país. A política industrial da época (governo Getúlio Vargas), de cunho nacionalista, permitiu que diversos rarnos dinâmicos pudessem se expandir. Foi o caso das indústrias de papel e celulose, cimento, tecidos, pneumáticos, laminados de aço, além de outros. Entre as empresas estalais criadas, destacaram-se a Companhia Vale do Rio Doce (mineração), Fábrica Nacional de Motores (automobilística), a Companhia Álcalis (química) e, posteriormente (anos 50), a Petrobrás (extração, transporte, refino e venda de petróleo e derivados).
A paisagem da cidade de Volta Redonda possui alguns elementos muito marcantes, como o Rio Paraíba do Sul e as instalações da Companhia Siderúrgica Nacional.
Durante a Era Vargas (1930-1945), o Estado criou diversos órgãos públicos, que serviram para o desenvolvimento da indústria no país, pois contribuíram para sua modernização. Merecem destaque os ministérios do Trabalho, da Indústria e Comércio e o da Educação, além de institutos, como o do Álcool, o do Café, entre outros. É importante salientara criação de leis trabalhistas, as quais permitiram, na época, modernizar as relações de trabalho assalariado.
Os anos que se seguiram após a queda de Vargas foram de abertura ao capital estrangeiro, notadamente a partir do governo de Juscelino Kubitschek (1955-1960), quando diversas empresas multinacionais passaram a se instalar no país, merecendo destaque as montadoras de automóveis.
Os anos 50 consolidaram a industrialização do Brasil. Com isso, a organização do espaço geográfico brasileiro sofreu importantes mudanças: rodovias foram construídas, integrando o território; novas usinas hidrelétricas passaram a assegurar energia para as áreas que se industrializavam; um mercado nacional se formava. Enfim, um novo Brasil, mais urbano e industrial, começava a ser construído.
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