segunda-feira, 19 de abril de 2010

Crescimento da população mundial - Texto



Ao analisar o crescimento da população mundial, vamos levar em consideração dois aspectos:
O aumento puro e simples do número total de habitantes, isto é. a população absoluta.
O aumento das taxas de crescimento demográfico que determinam a maior ou menor velocidade do crescimento populacional. Quando as taxas de crescimento populacional são altas, o total de habitantes aumenta mais depressa do que quando essas taxas são baixas. Também é preciso considerar a população absoluta, ou seja, a população total da região analisada, pois se esta é expressiva, mesmo com taxas de crescimento baixas, a população aumentará bastante. É o caso da China, que, mesmo conseguindo uma redução em suas taxas de crescimento demográfico, tem um progressivo aumento populacional por causa de sua alta população absoluta.
A população mundial teve um extraordinário crescimento no séculoXX. De 1901 a 2000, o número de habitantes da Terra passou de 1,6 bilhão para 6,1 bilhões. Esse aumento foi maior a partir da década de 1950 (cerca de 150%). Somente no período de 1987 a 1997, a população mundial aumentou em 1 bilhão de pessoas. O acréscimo de 86 milhões de pessoas verificado no fim dos anos 1980 (1989-1990) foi o maior da história da humanidade.
Podemos observar no gráfico acima que as maiores taxas de crescimento anual ocorreram na década de 1950; em 1960 chegaram a 2,4% ao ano. Em 2001, a taxa de crescimento da população mundial era de 1,0%. Das décadas de 1970 e 1980 até o ano 2000, houve uma redução das taxas de fecundidade de 4,9 para 2,7 filhos por mulher, o que resultou em uma menor taxa de crescimento populacional.
Apesar da diminuição da taxa de crescimento, as previsões são de que a população mundial vai continuar crescendo.

Países desenvolvidos e subdesenvolvidos: crescimento demográfico

Como as variáveis responsáveis pelo crescimento demográfico apresentam melhor qualidade nos países desenvolvidos, existe uma grande diferença entre esses países e os subdesenvolvidos quanto ao aumento populacional.
Nos países desenvolvidos, as taxas de natalidade diminuíram a partir do século XIX (1801-1900) e das primeiras décadas do século XX.
Com a grande melhoria das condições de saneamento básico e a descoberta de vacinas e antibióticos, as taxas de mortalidade nesses países ficaram muito mais baixas. Mais tarde, os métodos anticoncepcionais, a urbanização e a participação cada vez maior da mulher no mercado de trabalho contribuíram para reduziras taxas de natalidade.
A brusca queda do crescimento demográfico nos países desenvolvidos trouxe um problema que eles tentam resolver: o elevado número de idosos, o que representa um encargo para a previdência social. Nos países subdesenvolvidos, as taxas de crescimento demográfico começaram a baixar após a segunda metade do século XX.
Nesses países, a redução das taxas de mortalidade deveu-se às melhorias médico-sanitárias obtidas nos países desenvolvidos e ao uso de inseticidas que combatem agentes transmissores de doenças. A redução das taxas de natalidade ocorreu a partir do processo de urbanização vivenciado por inúmeras nações.
A urbanização provocou transformações sociais que ajudam a explicara redução dos índices de natalidade, como: o trabalho familiar, o custo da criação dos filhos, o trabalho da mulher e os métodos anticoncepcionais. Entretanto, essas mudanças ocorreram em apenas alguns países subdesenvolvidos industrializados (Argentina, Coréia do Sul, Brasil, Chile, Uruguai, México). Na maioria das nações africanas (por exemplo, Serra Leoa, Nigéria, Quênia) e em algumas asiáticas (Laos, Nepal, Bangladesh), as taxas de crescimento vegetativo continuaram altas.
A tabela a seguir mostra as porcentagens de crescimento vegetativo nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos.
Fases de crescimento da população mundial
Segundo a ONU, podemos considerar as seguintes faixas de crescimento populacional:
 partir dessas faixas podemos observar várias fases no crescimento da população.
1ª fase: Crescimento lento. Período: IV a.C. até o início do século XVII (Revolução Comercial). A economia era rural, as famílias tinham muitos filhos (altas taxas de natalidade), mas o número de óbitos também era alto (elevadas taxas de mortalidade), devido às guerras e às epidemias. Dessa forma, o aumento populacional era pequeno.
2ª fase: Crescimento rápido. Período: 1650 a 1850 (fase do capitalismo comercial e início do capitalismo industrial). As famílias necessitavam de filhos para aumentar a renda (elevadas taxas de natalidade), e os avanços médicos diminuíram o número de mortes. Resultado: a população mundial dobrou em dois séculos.
3ª fase: Crescimento acelerado. Ocorreu entre a Segunda Revolução Industrial (por volta de 1860) e o fim da Segunda Guerra (1945). A natalidade era alta, e a mortalidade diminuiu com os avanços da medicina. O crescimento foi mais rápido: em um século a população mundial dobrou.
4ª fase: Explosão demográfica. De 1950 a 1980. Período do êxodo rural (saída da população do campo para as cidades). As famílias pobres urbanas tiveram muitos filhos, que ajudavam na renda familiar; e, graças à melhoria das condições médico-sanitárias, a mortalidade foi reduzida. Em trinta anos, a população mundial dobrou.
5ª fase: Diminuição do crescimento demográfico. Ocorreu a partir de 1980, quando alguns países emergentes (Brasil, Argentina, México e Coreia do Sul) diminuíram suas taxas de natalidade. Muitos países subdesenvolvidos não conseguiram reduzir a natalidade, portanto, não atingiram a 5ª fase.
Essa fase de estabilização do crescimento demográfico, chamada por alguns de transição demográfica, não ocorreu de modo semelhante em todos os países.
As nações desenvolvidas se estabilizaram antes. Das nações subdesenvolvidas, apenas as que se industrializaram chegaram à estabilização ou perto dela. Países como Paquistão, Nigéria, Bangladesh, Quênia, entre outros, sem dúvida estão longe de atingi-la.

·         Teorias demográficas

Inúmeras teorias surgiram para tentar explicar o crescimento populacional. Dentre elas, destacam-se a Teoria Malthusiana, a Teoria Neomalthusiana e a Teoria Reformista ou Marxista.

Teoria Malthusiana
Elaborada pelo economista inglêsThomas Malthus (1776-1834). Conforme seu estudo Ensaio sobre o princípio da população (1798), a população mundial cresceria em um ritmo rápido, comparado por ele a uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128...), e a produção de alimentos cresceria em um ritmo lento, comparado a uma progressão aritmética (1, 2,3,4, 5, 6...). Sendo assim, em um determinado momento, não existiriam alimentos para todos os habitantes da Terra. As maiores contestações a essa teoria são que, na realidade, ocorre grande concentração de alimentos nos países ricos e, consequentemente, má distribuição nos países pobres. Porém, em nenhum momento a população cresceu conforme a previsão de Malthus.
Teoria Neomalthusiana
Elaborada após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a teoria dizia que, se o crescimento demográfico não fosse contido, os recursos naturais da Terra se esgotariam em pouco tempo. Foi sugerida uma rigorosa política de controle da natalidade aos países subdesenvolvidos. A contestação a essa teoria é que se deve melhorar a distribuição da renda.

Teoria Reformista
Diverge das teorias Malthusiana e Neomalthusiana. Os reformistas atribuem aos países ricos ou desenvolvidos a responsabilidade pela intensa exploração imposta aos países pobres ou subdesenvolvidos, que resultou em um excessivo crescimento demográfico e pobreza generalizada. Defendem a adoção de reformas socioeconômicas para superar os graves problemas. A redução do crescimento demográfico seria consequência dessas reformas.

·         Crescimento demográfico e meio ambiente

As relações entre a população e o meio ambiente traduzem a preocupação de se conseguir um desenvolvimento sustentável, isto é, níveis de crescimento econômico que respeitem a natureza, preservando-a para as futuras gerações.
O equilíbrio entre população e recursos naturais sempre foi um problema, como pudemos observar no estudo das teorias demográficas.
A Organização das Nações Unidas, desde a sua fundação, discutiu o assunto. Em 1947, com a criação da Comissão da População, a preocupação ficou restrita a recursos naturais (alimentos e água) para sustentar a população que crescia. Os primeiros levantamentos foram realizados em países desenvolvidos, considerando as consequências do desenvolvimento econômico em tendências demográficas, como a fecundidade, a mortalidade e os movimentos populacionais.
A década de 1970 trouxe consciência do impacto do crescimento populacional sobre o meio ambiente. A realização da Conferência de Estocolmo em 1972 trouxe à discussão o fato de que, em algumas regiões, a densidade populacional foi favorável para o desenvolvimento econômico e em outras, ao contrário, causou dificuldades para o crescimento das economias.
Desta forma houve uma mudança na evolução das preocupações com as relações entre a humanidade e o meio ambiente, desde a década de 1940 até a atualidade.

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