quarta-feira, 30 de março de 2011

A Revolução Técnico Científica e Suas Especificidades


Origem mais remota: O início da integração mundial remonta aos séculos XV e XVI, quando a expansão ultramarina dos Estados europeus possibilitou a conquista de novas terras, sendo, portanto, o resultado da procura de uma rota marítima alternativa ao Mediterrâneo para as Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais europeias na índia, China e Japão, e, principalmente, abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo.
b) A aceleração do processo de globalização: Até o século XVIII predominava o meio natural, pois o desenvolvimento dependia basicamente das condições naturais. A influência do tipo de solo e das estações de ano, por exemplo, determinavam o desempenho da agropecuária na produção de matérias-primas para as indústrias e alimentos à população, da mesma forma que a produção industrial estava vinculada à capacidade manual dos artesãos. A partir do período pós-guerra emerge o que denomina-se de meio-técnico-científico informacional marcado pelo advento de novas tecnologias que implicaram em grandes modificações na organização e funcionamento do processo produtivo e por conseguinte no espaço geográfico. Segundo Manuel Gasteis:

"No novo modo informacional de desenvolvimento, a fonte de produtividade acha-se na tecnologia de geração de conhecimentos, de processamento da informação e de comunicação de símbolos. Chamo-a de informacional e global para identificar suas características fundamentais e diferenciadas e enfatizar sua interligação. É informacional porque a produtividade e a competitividade de unidades ou agentes nessa economia (sejam empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos. É global porque as principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, administração, informação, tecnologia e mercados) estão organizados em escala global, diretamente ou mediante uma rede de conexões entre agentes econômicos."
O espaço dos fluxos. In: CASTELS, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

O conhecimento de qualquer natureza assume um papel determinante para o desenvolvimento, seja de pessoas, que necessitam de uma qualificação cada vez maior para a inserção no mercado de trabalho, seja de empresas, que precisam de conhecimentos científicos para melhorarem a qualidade de produtos e serviços e assim conquistarem mais mercados e, principalmente, dos países que só atingem o desenvolvimento pleno com empresas e pessoas detendo alto grau de informações. Esse novo meio geográfico está sendo formado em decorrência de uma revolução tecnológica que vem se expandindo com maior velocidade desde os anos 70. Tal processo significa a explosão de novas tecnologias em um curto espaço de tempo, capaz de modificar radicalmente as lógicas de produção, circulação e consumo no mundo.

Especificidades:
1-      A produtividade e a competitividade dos atores sociais (Estados, empresas e pessoas) dependem basicamente da sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação baseada em conhecimentos.
2-      A evolução tecnológica nos meios de comunicações e a formação das redes: os novos meios de comunicações, como as redes de satélite, as infovias (internet), o fax, o telefone celular, facilitaram a maior integração dos países e o funcionamento em tempo real.
A mundialização econômica derrubou preços dos fretes e das comunicações, transformando a paisagem empresarial do planeta. Corporações multinacionais com filiais em todos os cantos do planeta podem ser administradas via internet a um custo mínimo. Graças à automação das linhas fabris, às facilidades de transporte e ao preço decrescente das telecomunicações, a produtividade humana foi impulsionada.
3-      Se caracteriza pela integração efetiva entre ciência, tecnologia e produção.
4-      O avanço dos meios de transportes e a relativização do espaço pelo tempo.
Entre as inovações tecnológicas provenientes da área informacional nas últimas décadas destacam-se o desenvolvimento da informática, a instalação de cabos oceânicos intercontinentais, o lançamento de satélites artificiais de comunicações e a expansão dos serviços de telefonia e da rede mundial de computadores (Internet). Essas inovações tornaram possível a transmissão quase instantânea de informações na forma de texto, som e imagem entre praticamente todos os lugares do mundo, fato sem precedentes na história da humanidade. Também têm sido de grande importância os avanços dos meios de transportes, com o desenvolvimento de aviões de carga mais velozes e com maior autonomia de voo, a criação de navios com capacidade de transportar centenas de milhares de toneladas de produtos de uma única vez, caso dos petroleiros, dos graneleiros, dos porta - contêineres e cargueiros de minério. Essas inovações fizeram com que os custos da transmissão de informações e do transporte de mercadorias diminuíssem significativamente, sobretudo na segunda metade do século XX. Os novos meios de transportes, como os aviões supersônicos e os trens-bala aumentaram intensamente as médias de velocidade ao longo dos anos, fazendo que distâncias maiores fossem percorridas em tempos cada vez menores, possibilitando um aumento dos fluxos entre lugares mais afastados.

5-   Evolução rápida, integrada (em rede) e ainda desigual de novas tecnologias gerando uma nova Divisão Internacional do Trabalho disposta em quatro posições diferentes na economia informacional/global, sendo que estas posições diferentes não coincidem com os países. São organizadas em redes e fluxos, incluindo e excluindo partes de países e regiões.

      Produtores de alto valor com base no trabalho informacional (países da tríade);
      Produtores de grande volume baseado no trabalho de mais baixo custo (emergentes);
      Produtores de matérias-primas que se baseiam em recursos naturais (agro-exportadores);
      Os produtores redundantes, reduzidos ao trabalho desvalorizado (excluídos da África).

A Revolução Técnico Científica atingiu ao longo dos anos uma dimensão planetária com o advento de novos meios de comunicações a partir dos anos 70, como pagers, fax, internet, telefone celular. Essas ferramentas possibilitaram que as mais recentes tecnologias assumissem um caráter mundial, isto é, uma difusão de forma simultânea, pois se há décadas uma descoberta (nos países ricos) levava meses ou até anos para chegar ao mundo todo, atualmente as novas tecnologias levam apenas semanas. Em alguns casos, como novos softwars (Windows 7), músicas (MP3) e filmes (DVD) antes de chegarem oficialmente às lojas, já são comercializados clandestinamente em versões pirateadas. Por outro lado, a distribuição dessas novas tecnologias continua bastante desigual com grande concentração nos chamados países desenvolvidos da tríade em detrimento de grandes regiões do planeta sem acesso a esse conhecimento de ponta. Castels (2000) afirma que: "Na verdade, há grandes áreas do mundo e consideráveis segmentos da população que estão 'desconecta-dos' do novo sistema tecnológico (...). Além disso, a velocidade da difusão tecnológica é seletiva tanto social quanto funcionalmente. O fato de países e regiões apresentarem diferenças quanto ao momento oportuno de dotarem seu povo do acesso ao poder da tecnologia representa fonte crucial de desigualdade em nossa sociedade.
As áreas desconectadas são cultural e espacialmente descontínuas: estão nas cidades do interior dos EUA ou nos subúrbios da França, assim como nas favelas africanas e na áreas mais carentes chinesas e indianas."

Apesar disso as novas tecnologias tem chegado numa escala menor e pontual em algumas nações periféricas de alta industrialização, a exemplo do Brasil, México, Argentina, índia, Tailândia, África do Sul e outros. Esses países conseguiram desenvolver os seus pólos tecnológicos ou tecnopólos, quer dizer, cidades singulares pelas seguintes características:
      Produção de alta tecnologia (informática, biotecnologia, robótica, química fina, aeroespacial, semicondutores etc.) em universidades e institutos de pesquisas avançados;
      Um elevado grau de integração entre laboratórios de pesquisas estatais e empresas privadas colaborando na produção de novas tecnologias;
      Presença de universidades e escolas técnicas voltadas à formação de mão-de-obra qualificada tanto na graduação como nos cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado), o que explica a alta valorização dos profissionais formados nas instituições de ensino e pesquisa dos tecnopólos;
      Integração ao resto do mundo através de sofisticados sistemas de telecomunicações, o que possibilita o contato com os grandes centros de pesquisa do mundo desenvolvido;
      Grandes investimentos estatais na montagem da infra-estrutura, bem como na instalação dos centros de pesquisas civis e militares.

 

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