- Nível moderado: as temperaturas do ar e da água sobem no máximo 1,7 graus.
- Nível forte: o aumento fica entre 1,7 e três graus.
- Extraordinário: o aquecimento supera os 3 graus.
- A temperatura média da costa peruana é de 17 graus.
- Se o mar atingir a temperatura de 26 graus em dezembro, com a chegada do verão, o Peru poderia sofrer inundações, deslizamentos de terra dessalinizações e erosão, segundo alertaram os cientistas.
- 14 regiões foram declaradas em estado de emergência no mês de julho.
"O fenômeno está nos avisando com tempo suficiente, é difícil saber como isso vai acabar", disse o cientista peruano Ken Takahashi, coordenador técnico do Comitê Muiltissetorial de Estudo Nacional do Fenômeno El Niño (ENFEN), o órgão estatal especializado no assunto.
O fenômeno El Niño assola o Peru desde julho, quando 14 regiões foram declaradas em estado de emergência, o que permite planejar gastos não previstos no orçamento público para a limpeza e o desassoreamento dos rios do norte. O ENFEN avaliará na próxima sexta-feira a probabilidade de que o evento climático passe de "forte" a "extraordinário", o que teria consequências devastadoras a partir de dezembro –o verão austral–, como aconteceu em 1983 e 1997.
"O El Niño é um aquecimento anormal e persistente da superfície do Oceano Pacífico. Provoca intensas chuvas e, embora seja um fenômeno recorrente, não é periódico em escala interanual", diz Takahashi. O especialista explica que o mar da costa peruana é frio para sua latitude (cerca de 17 graus, em média), devido aos ventos alísios que movimentam as correntes oceânicas. O fenômeno é considerado "moderado" quando o aumento da temperatura do ar e do mar é inferior a 1,7 graus; "forte" se oscila entre 1,7 e 3, e "extraordinário" se for superior a 3.
Se a partir de dezembro, quando o verão chegar ao Peru, a temperatura do mar atingir 26 graus, a densa camada de umidade e de ar frio que normalmente existe na costa peruana ascenderá, o que poderia desencadear, como aconteceu em anos anteriores, chuvas excessivas, inundações, deslizamentos de terra, erosão e dessalinização, explica Takahashi.
O coordenador técnico do ENFEN opina, no entanto, que o atual El Niño não é como nenhum dos fenômenos anteriores considerados fortes (1983 e 1997). "Neste ano existem condições para um El Niño extraordinário", afirma. Além disso, Takahashi esclareceu que a magnitude do fenômeno climático no Pacífico central (conhecido pelos cientistas como zona 3.4) pode ser diferente, mais ou menos intensa, do que na costa da América do Sul (zona chamada 1 + 2).
Talvez, para outros países, não seja tão importante tentar determinar a magnitude, mas não é o caso do Peru. O 14º relatório do ENFEN, divulgado na sexta-feira passada, também relata que o aumento da temperatura do mar causou uma mudança no padrão de reprodução da anchova, espécie marinha muito importante para a indústria da pesca do país, pois é o principal insumo para a produção de farinha de peixe.
Marilú Bouchon, funcionária do Instituto do Mar do Peru e membro do ENFEN, disse ao EL PAÍS que um cruzeiro começou um trabalho para informar, num período de 50 dias, como o evento climático pode afetar os recursos pesqueiros. Bouchon explicou, no entanto, que é normal que a anchova deixe de lado sua reprodução para buscar águas mais frias e proteger sua vida.
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