segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Os Ecos da Nova (ECO)nomia Capitalista e as Políticas Públicas Pós Eco-92



Sem dúvida alguma a década de 1990, marca um novo momento na história da defesa do meio ambiente, dentro do sistema capitalista de produzir. Inúmeros fatores contribuíram para uma tomada de postura diferenciada diante da problemática ambiental. O dilema produzir X preservar dividia as discussões dos ambientalistas mais “verdinhos”, por assim dizer. Pode-se afirmar que até então, a defesa ecológica era no mínimo ingênua, uma vez que a bandeira de defesa do ecos era pintada com as cores do não explorar, não mexer, morrer se preciso for, mas não alterar a natureza. Mas como não alterar a natureza diante da necessidade da multiplicação de mais mercadorias para uma população mundial geometricamente crescente?
                O capitalismo hegemônico, após o enfraquecimento do socialismo real, necessitava de respostas que pudessem equacionar o dilema: crescer sem produzir um colapso na oferta de recursos naturais em âmbito mundial.
                Afinal os países socialistas também já tinham produzido grandes estragos em seus meios ambientes, graças aos planos qüinqüenais que planejavam quase tudo, menos a recuperação de seus ecossistemas extremamente alterados.  Os  Estados Unidos, o Canadá, o Japão e Europa Ocidental tinham novos espaços a ocupar e o ritmo de criação dos bens de consumo e de produção deveria se comportar de maneira exponencial.
                É no bojo desse contexto histórico que a Eco-92 apresenta a resposta esperada: podemos sim crescer, podemos sim desenvolver, podemos sim tornar o mundo cada vez mais tecnológico, mas em contrapartida devemos criar condições de sustentabilidade sob pena de provocarmos a destruição completa da complexidade ambiental que proporcionou condições para o surgimento de vida no terceiro planeta do sistema solar . Essa premissa fica evidente nesta conferência. O mundo ganhou mais fôlego. Não éramos mais uma potencial vitima de uma guerra nuclear de caráter mundial. Agora deveríamos nos preocupar com o aquecimento global, com a emissão descontrolada de metano e gás carbônico na atmosfera; deveríamos nos preocupar com a modificação das correntes marinhas, com o degelo das neves eternas e das calotas polares. Deveríamos nos preocupar com a sobrevivência dos povos da floresta, pois eles podem ser os guardiões dos segredos para a cura da Aids, câncer, mal de chagas, gripe suína ou outros males que há muito assolam a humanidade.
                A luta por um meio ambiente sustentável faz eco na forma como o sistema capitalista se porta nos países desenvolvidos, e por conta da globalização, também influencia no comportamento das empresas transnacionais nos países subdesenvolvidos. Afinal os problemas ambientais globalizam na mesma proporção que os meios de comunicação evoluem e em similar proporção que as informações são cooptadas pelas camadas populacionais ambientalmente mais engajadas e conscientes do poder transformador da opinião pública ou, simplesmente, poder transformador da opinião do consumidor dos produtos globalizados. Afinal um produto ecologicamente correto tem lugar preferencial nas prateleiras dos supermercados e nas principais lojas dos shoppings localizados nas maiores metrópoles mundiais.
                Nesse sentido os governos adotam políticas públicas que acabam sendo transformadas em novos ecos dos movimentos ambientalistas de alcance global.  Novas leis são criadas. Leis  que contrariam os interesses dos velhos capitalistas , de empresários que ainda não deixaram a fase industrial desse sistema no passado. Infelizmente não se trata de uma concepção mais purista de um mundo melhor. Trata-se de uma nova roupagem que o capital veste para se adequar as necessidades ambientais do modelo de produção global.
                No que tange a região da Amazônia a qual vivemos, pode-se afirmar que vivenciamos em contra-ponto nesta história. Vivemos um dicotomismo: crescimento e meio ambiente. Cabe, portanto a nós, o papel de discutirmos a luta por um sistema socioeconômico menos predatório e que respeite a ecologia local. Esse respeito garantirá a existência de homens e mulheres amazônicos que se sintam feliz vivendo nessa última grande fronteira tecno(eco)lógica chamada  Amazônia.

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