O que as Bandeiras têm a nos dizer?!
A estreita relação entre Geografia e Vexilologia
por Fernando Soares de Jesus · Published 6 de julho de 2017 · Updated 6 de julho de 2017
A Geografia é, de maneira simples, a ciência do espaço. E, desde o ensino fundamental, a ciência geográfica se faz presente em nossos estudos..
Porém, a palavra vexilologia, para muitos, pode parecer assustadora. A dificuldade para muitos vem logo na pronúncia da palavra. Sim, o correto é ve-xi-lo-lo-gia. Você tem que repetir a vocal “lo”. Afinal, seu nome deriva do latim vexilum, que significa bandeira, e –logia, que significa estudo.
Passado o primeiro empecílio, continuamos a desvendar o que é esta ciência – ou, assim como a cartografia, esta arte-ciência.
A resposta está entregue de bandeja: vexilologia é, como define o site Vexilologia Brasileira, “a ciência ou arte que estuda a simbologia e o grafismo das bandeiras, estandartes e pavilhões”.
Dentre as concepções mais difundidas dentro do campo da vexilologia, temos a ideia de que as bandeiras nacionais – bem como as de escalas maiores – podem formar famílias. Estas famílias são caracterizadas por apresentarem internamente elementos gráficos em comum, estes que, por sua vez, fazem alusão a características históricas ou culturais que tais nações apresentam de forma compartilhada entre si.
A “geografice” por trás da vexilologia aparece, por exemplo, quando analisamos a disposição das bandeiras nacionais no globo.
Países próximos, que atravessaram desenvolvimentos históricos interligados, certamente terão estandartes similares, seja pelas formas, pela cor ou por qualquer outro elemento gráfico.
Assim, observando a disposição das bandeiras, podemos identificar uma importante regionalização do espaço mundial, ao mesmo tempo que podemos inferir características históricas que talvez não fiquem explícitas a primeira vista.
Vejamos alguns exemplos.
O quadricolor pan-árabe
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Quadricolor pan-árabe
O quadricolor pan-árabe remonta da Revolta Árabe, que ocorreu no contexto da Primeira Guerra Mundial.
Diversos povos da região do Oriente Médio se lançaram em uma guerra contra o Império Otomano, apoiados pelo Império Britânico e pela França. Em troca, as potências europeias concederiam aporte para a criação de um estado árabe unificado na região, o que, no fim das contas, não ocorreu.
A bandeira da Revolta Árabe acabou servindo de base para a formulação dos estandartes de muitos países na região.
O tricolor pan-eslavo
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Tricolor pan-eslavo
O tricolor pan-eslavo nasce do movimento identitário conhecido como “pan-eslavismo”, criado no século XIX e que objetivava a união de todos os povos eslavos da Europa.
As cores adotadas eram, na época, as usadas pelo Império Russo.
Pan-africanismo
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Família Pan-africana
Dois tricolores são adotados pelos países africanos para representar sua identidade coletiva: o verde-amarelo-vermelho e o vermelho-preto-verde.
O primeiro foi baseado nas cores da bandeira da Etiópia. O país, localizado no leste no continente, foi o único que não foi subjugado por alguma potência europeia durante o período do neocolonialismo, suscitando a admiração dos países que conquistaram sua independência após o período.
O segundo tricolor foi definido pela Associação Universal para o Progresso Negro (AUPN) com o objetivo de representar a comunidade negra, inclusive a não-africana. Foi adotada oficialmente em 1920.
Grã-Colômbia
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Família Grã-Colômbia
As bandeiras atuais de Equador, Colômbia e Venezuela são baseadas na antiga bandeira da República da Colômbia, ou Grã-Colômbia.
Este país durou de 1821 até 1831, surgindo no contexto do desmantelamento da América Espanhola. O atual Panamá também fazia parte deste país.
Família República Centro-Americana
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Família República Centro-Americana
Guatemala, Honduras, El Salvador e Nicarágua têm suas bandeiras inspiradas na antiga República Federal Centro-Americana, país formado por estas nações, em conjunto com a Costa Rica, após a queda do Império Mexicano, ainda na primeira metade do século XIX.
Cruz nórdica
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Família Cruz Nórdica
A primeira bandeira a apresentar uma cruz nórdica – uma cruz deitada, com o eixo maior indo de uma extremidade a outra da bandeira – foi a da Dinamarca, conhecida como Dannebrog. Isto ainda no século XIII.
Este mesmo padrão acabou sendo adotado por outros países da região, como Islândia, Noruega, Suécia e Finlândia, com alterações de cor e, as vezes, inserindo uma linha em torno da cruz – como é o caso de Islândia, Noruega e também das Ilhas Faroe.
Outras famílias que poderiam ser citadas são:
Cruzeiro do Sul: Constelação presente nas bandeiras de países austrais como Austrália, Nova Zelândia, Brasil e Papua Nova-Guiné;
Stars and stripes: Bandeiras inspiradas na dos Estados Unidos da América, primeira república das Américas. É o caso de Chile e Libéria;
Vermelho comunista: Cor presente em boa parte dos países que adotaram o socialismo durante algum momento de sua história. Geralmente associado a uma estrela amarela. É o caso da antiga URSS, da China e do Vietnã.
Sol de Mayo: Sol característico presente nas bandeiras de Uruguai e Argentina.
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